terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ser um capoeirista eficiente, ou ser eficaz...?

É comum vermos capoeiristas empolgados com sua competencia. com sua performance, ou menos com o respeito que despertam em outras pessoas.
Alguns se tornam até petulantes na sua exacerbação egóica e perdem completamente a humildade, pelo simples fato de se sentirem o máximo, o melhor dos melhores...
Esse é um sintoma, na verdade, de uma fraqueza de caráter ou de autocrítica mínima.
Esses atletas capoeiristas são muitas vezes muito bem treinados, e além da capoeira são também lutadores de outras artes, são fortes e possuem uma estrutura física privilegiada.
Nada errado, quanto ao sentimento de auto-estima ser logo manifesto nos praticantes dessa Arte Secular, que hoje já acumula uma sabedoria e uma técnica bastante complexa, bastante sofisticada, no sentido mais amplo de conhecimentos marciais, desportivos, atléticos. Uma cultura bastante sedimentada como conhecimento popular, da qual nenhum lutador de nenhum estilo pode ou deveria subestimar.
A Capoeira é ímpar. É múltipla. Cada um desenvolve com seu proprio corpo suas habilidades e competências, o que torna cada jogador, cada indivíduo, tem um estílo único, adequado ao seu biotipo, desenvolve a sua técnica baseada na linhagem que aprende. Cada linhagem tem sua origem em tempos remotos. É uma cultura cumulativa. É um conhecimento cada vez incorporado ao que já existia.
Enfim, pode-se dizer que um capoeirista é a soma de toda a história de sua linhagem de aprendizado.
Resta saber se ele faz as escolhas certas com sua postura, com o caráter que assume, enquanto praticante e representante de sua escola.

O ESTILO E A ÍNDOLE

Uma coisa é o estilo pessoal. A outra é a índole.
Uma pode ser totalmente legítima. A outra pode ser aceita ou não. Depende do grau de respeito que sua índole tem para o com os demais praticantes de sua arte.
Vi diversas modalidades dessa índole se manifestar, entre elas, na indiferença ao que parece não ser digno de respeito.
Até mesmo num certo grau de fria avaliação: esse é sarobeiro...! (que parece significar alguem sem valor, de um jogo tosco, que não merece nenhum respeito!!)
Esse julgamento, desrepeitoso, é um sintoma de um capoeirista presunçoso que já de cara se julga melhor que os outros.
Eles podem até ser bons jogadores, mas certamente não serão bons capoeiras!

Esse o nosso problema. Ser eficiente em um jogo, ou ser um capoeirista que sabe gingar com as diferenças pela vida toda!

O quadro abaixo representa uma comparação entre os dois aspectos do crescimento de um praticante de capoeira.


Essa breve tabela oferece uma visão do que seria um projeto a curto prazo de um capoeirista, ou um capoeirista maduro que sabe a diferença entre o imediato e o duradouro...

Esse é o grande conflito entre a eficiência e a eficácia, na vida de um Capoeira!


Um comentário:

  1. Ótimo texto, mestre. Talvez um dia eu alcance esse patamar da eficácia e me torne um capoeirista de verdade. Vamos um passo de cada vez, sempre gingando na roda da vida.

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