terça-feira, 8 de junho de 2010

Zebrinha, filho da Fortaleza do Ceará!!






Impressionante até mesmo para quem é muito crédulo, capoeirista convicto, confirmado em anos de estrada e capoeirando nas voltas do mundo, o que a capoeira é capaz de nos trazer...!
Aprovado no concurso da Caixa Econômica Federal, me transferí para Fortaleza em 1979, iniciei aulas de capoeira, na Academia Professor Sá, no Centro da cidade.



O principal sonho que levei no meu embornal de viajante pela geografia do Brasil, era um projeto de criar uma escola de capoeira naquele novo lugar onde passaria a morar por tempo indeterminado.



Muito movimento e muita busca na chegada junto com todas as descobertas da cultura e das pessoas iam me aprisionando numa relação de grande generosidade, em que os camaradas que se aproximavam trazendo suas competências e suas ideologias para engrossar o caldo do terreiro de capoeira que havia implantado, em meados de 1979.



Muitos adolescentes e jovens se firmando naquilo que seria mais tarde o grande berço de bambas da capoeira cearense.



Naquele espaço, mais de cinco centenas de capoeiristas passaram por alí, muitos deles hoje grandes destaques da capoeira no mundo inteiro.



Uma garotada indisciplinada e difícil que exigia grande energia da minha parte, recém instalado no já consagrada no espaço do DCE - Diretório Central dos Estudantes, na Rua Clarindo de Queiroz 133, no centro de Fortaleza.



Mas para compensar tanto trabalho, ali se matricularam alguns ungidos de uma competência e disposição de guerreiros.



Entre essas figuras que se destacaram pela sua dedicação e identificação com a arte e todos os seus desdobramentos, inserindo a capoeira muito além de sua própria pele, tornando-a o seu próprio oxigênio, vital para sua existência e de todas as pessoas com as quais partilha a própria vida. Entre eles estava o Pedro Rodrigues.



Estamos falando de um dos mais importantes capoeiristas cearenses, alguém que irradiou seu trabalho e sua obra na capoeira para além das fronteiras do Ceará, para além do Nordeste, chegando ao Norte, saindo do Brasil e avançando pela Europa, ou seja, mundo afora.



Pessoa de um carisma tão natural quanto o próprio sorriso que ostenta, personagem bem resolvido e de uma tranqüilidade fantástica, Zebrinha, o Mestre Zebrinha de tantos discípulos, é na verdade uma surpreendente revelação dos nativos nordestinos, povo de uma garra incomum, resistente a todos os desafios do clima e das dificuldades materiais que parecem não ter fim, produto de uma injusta distribuição de renda e de atenções de nossos governos.



Porém, longe de qualquer drama ou de se fazer de vítima como produto deste agreste, nasce este verdadeiro mandacaru da resistência, da competência e da força de vontade batizado com o nome de um santo católico que segundo o credo é o guardião das chaves do céu.



Através do retrovisor do tempo, vejo sua chegada pela primeira vez na Terreiro Capoeira, no DCE, usando uma espécie de pijama listado e um olhar desconfiado, e mais tarde junto com seu parceiro Cação, outra criatura que Deus ungiu de muita coragem e também muita molecagem, sendo ele quem levou o amigo Cação (hoje mais conhecido como Gamela) para a capoeira.



Aqueles dois adolescentes só treinavam juntos e também aprontavam muito juntos.



Quase diariamente tinha punição de flexão de braços, por causa de alguma presepada que os dois aprontavam.



Quem visse uma cena dessas jamais seria capaz de imaginar 20 anos depois, o garoto Zebrinha virar o Mestre, mantendo o mesmo sorriso e a mesma espontaneidade e se tornando um verdadeiro touro de força e destreza capoeirística.



Quem conhece capoeira e presta atenção em sua sabedoria sabe que deve aprender com suas músicas e uma delas, muito popular e de domínio público nos ensina:







  • Não bata na criança que a criança cresce. Quem bate não se lembra, quem apanha não se esquece...!


A capoeira é essa fonte eterna de sabedoria e a cada dia fica mais claro para os verdadeiros seguidores dessa arte os seus fundamentos mais sutis, como esse que ilustra uma parte pequena da História de vida do camarada e irmão de luta, o Mestre Zebrinha.



Mas eu seria muito infeliz se deixasse de contar aqui um dos momentos mais gratificantes da minha vida na capoeira, quando já em Brasília, depois de anos morando e ensinando no Ceará, onde pude cultivar tantos discípulos, alunos, amigos e camaradas, ao ver chegar em minha aula no Vizinhança Norte, em Brasilia, Distrito Federal, ninguém menos que Zebrinha, meu aluno de Fortaleza, até então por mim considerado apenas um adolescente empolgado, um pouco mais que iniciante na capoeira.



Mas, engano meu! Zebrinha chegou em Brasília movido por sua vontade de aprender mais, de se aprofundar, de se formar em Capoeira... Ele tinha sede de saber mais e entendeu que eu seria a pessoa com quem ele poderia contar pra isso...!



Surpresas da vida. Surpresas da capoeira. Confesso que não acreditava que isso viesse há acontecer um dia e tive que engolir minha descrença com farinha seca!



Ali estava o meu aluno até então, para mim, apenas aluno. Hoje entendo que essa palavra guarda uma visão infeliz de muitos mestres e que também foi minha visão, equivocada e injusta por muito tempo.



Aluno é uma palavra que vem do grego e que significa sem-luz (a, representa uma oposição com luno, que vem de luz...).



O correto era dizer discípulo, pois isso faz muito mais sentido para mim hoje e me faz rever o que em verdade vi naquele momento, pois só um discípulo muito dedicado e fiel é capaz de se deslocar rumo ao desconhecido e inóspito mundo da capital federal, deixando para trás a familia, o seu lugar seguro entre os seus espaços e referências, enfrentando os próprios limites, medos, limitações, falta de dinheiro, etc.



Só hoje, Zebrinha, posso compreender e digerir o significado do seu gesto!



Na verdade ambos estávamos aprendendo, tanto o discípulo que aprende quando o mestre que dá lição. Essa outra filosofia da capoeira que a cada dia significa muito mais para mim e para todos os capoeiristas de alma!



Aprendiz eterno dessa arte, graças aos desígnios de todos os deuses, seguimos ainda hoje lado a lado, companheiros e amigos, camaradas e irmãos de arte.



É sempre gratificante saber que o tempo não destruiu, muito pelo contrário, forjou mais sólidos em cada um de nós os traços e as marcas do tempo, nos calos da alma e nos olhos de eterna observância e aprendizado, dos caminhos do berimbau, Zebrinha!



Confesso que ao receber uma ligação e o convite para o lançamento do Grupo Legião, fui tomado de alegria, não pela minha participação nisso, embora enaltecido naturalmente, mas sim pela alforria que isso significava para você e seus discípulos!



O garoto que conheci e que um dia dei a mão para ensinar os primeiros passos na capoeiragem era agora um mestre indiscutível e consagrado pelos próprios méritos...!



Maior surpresa ainda me aguardava no momento em que, numa quadra na beira-mar, se alinharam às centenas os membros do novo grupo, uma legião de mandacarus, guerreiros honrados e bem-aventurados que seguiam os passos de um grande mestre, a quem um dia tive a honra de ensinar alguns fundamentos...



Mais do que um motivo de orgulho, o que pude perceber foi que o Ceará ganhava ali um novo líder inconteste da capoeira, independente e gentil, competente e sincero, jogo duro e coração mole...!



Naquele momento também pude entender que estava criada uma nova safra de capoeiras, garotos e homens de olhar sereno para o amanhã do seu grupo, do seu Estado e de sua arte.



Mas não pude deixar de ver a ternura da sua companheira Tereza, a quem o tempo de anos de trabalho e de solidária presença em sua vida, não incomodou em nada e que se tornara uma carismática organizadora dos meios e dos fins do trabalho do Grupo Legião, ostentando uma paciência e uma dedicação competente e delicada gerindo tudo em volta.



Nisso pude também compreender uma das razões do sucesso deste guerreiro.



Mais tarde na casa deles, pude ver mais de perto a profundidade dessa parceria.



Pude notar nas palavras e na atenção a uma centena de pessoas, a clareza das decisões e na objetividade das orientações, mais que uma esposa, o Mestre Zebrinha tem ao seu lado uma guerreira, uma obstinada mulher, cujo amor pelo companheiro era mais uma bênção que advinha dos céus sobre a cabeça, o coração, o corpo e alma deste líder-mestre, ou mestre-líder...



Ela é com certeza um dos mananciais que nutrem aquela montanha de músculos e de disposição que pulsa na energia do Mestre Zebrinha.



Mas o caminho de um aprendiz da Arte substantiva da Capoeira não pára nunca de crescer.
As distancias que alcança a influencia e a presença de pessoas como o Mestre Zebrinha vão cada vez mais além.



De Fortaleza para o Ceará. Do Estado para o Nordeste. Do Nordeste para o Brasil todo.
E inevitavelmente chegou para além-mar as marcas do trabalho e da capoeira do Mestre Zebrinha.



Pude presenciar um dos seus discípulos há cerca de dois anos passados (2007), quando conversávamos calmamente numa barraca de praia em Fortaleza, provocado por mim, que o perguntei se ele afinal estava no grupo de um outro mestre do Ceará e ele me afirmou com uma naturalidade e uma convicção que me impressionaram que a relação dele com o outro grupo era apenas de natureza profissional e que o seu verdadeiro Mestre, primeiro e único é e sempre será o Mestre Zebrinha.



Afinal, em tão poucas páginas e em poucas palavras não é possível, pelo menos não acredito, falar do Mestre Zebrinha ao ponto de fazer justiça ao seu trabalho e a sua pessoa.



Digo isso para me desculpar de antemão pelas pouquíssimas coisas que me ative a escrever sobre ele e seu trabalho.



Não posso me permitir mais ocupar a atenção de quem abra um livro, à cata de maiores conhecimentos sobre essa pessoa tão simples e nobre, muito além do que aqui registro, mas falta algo que não me perdoaria deixar de fora...



A sua ida às origens, buscando a água de beber de nossos ancestrais...



Assim descreveria a narrativa e a empolgação de Zebrinha ao pisar o solo sagrado de Luanda, Angola, a Aruanda que tanto cantamos na capoeira!



Pessoalmente vivi essa experiência ao chegar pela primeira vez ali, de onde veio tanto para nós... Tanto de nós... Tantos de nós... A gênese de nossa cultura e de nossa biologia.



Tocar o continente negro é uma das mais incríveis experiências na vida de um capoeira, alguém que guia sua existência sempre com base em nossas raízes.



Zebrinha não chegou à África como um turista para fazer um safári.
Ele chegou ali como conseqüência de sua caminhada no terreno do aprendizado no caminho do berimbau, algo tão importante quanto o dia em que foi batizado.
Após tantos anos, tantas lutas, derrotas e vitórias, Zebrinha fez o que seria mérito de poucos de nós, ao colocar os seus pés na África!
A emoção é indescritível! É como um sonho. É sentir-se no berço de nossa civilização e ver fluir em nós todas as heranças que guardamos quase sem perceber dentro de nosso arsenal de informações, de nossa cultura, de nosso sangue e de nossa alma!
A capoeira e a África são uma coisa só! Por mais que a tenhamos enriquecido ou embranquecido, ela é a nossa genética tribal que se traduz em nossos modelos mentais e sociais que de lá vieram!
Ver e tocar os nossos irmãos africanos é maravilhoso! É uma bênção tão linda quanto um hino que toca o coração de um capoeira.
E Zebrinha chegou até lá!
Ele tem todo o motivo para se sentir muito orgulhoso e feliz!
Esse deve ter sido para ele – como foi para mim – um prêmio como nunca esperou dia algum!
O tipo de premio que a gente não concorre. Ganha ou não ganha. E a maioria não ganha.
Para terminar minhas parcas e desnecessárias palavras sobre o Mestre Zebrinha sob o ponto de vista muito elementar dos ínfimos momentos que convivemos, sua vida e sua obra, objeto muitíssimo simplificado aqui neste livro, invoco a Che Guevara, quando dizia:
Existem homens que lutam um dia e são bons.
Existem homens que lutam um ano e são melhores.
Existem homens que lutam dez anos e são excepcionais.
Mas existem homens que lutam a vida toda e esses são imprescindíveis!
E eu me arriscaria a dizer, plagiando Che Guevara: existem homens que lutam a vida inteira e um dia acabarão sendo reconhecidos e justiçados e um deles se chama Pedro Rodrigues de Lima Filho, o Mestre Zebrinha, capoeira cearense. Figura de raiz. Do dendê. De axé. Do bem!

Yêh, viva Zebrinha, camará!

Brasília – DF, FEV2009

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ego na Capoeira - ego, esse miserável!!


Neste espaço irei procurar expressar um pouco mais do que venho a algum tempo observando sobre o Ego na capoeira, que, aliás, será tema para um livro que pretendo trabalhar futuramente.

Infelizmente tenho que admitir que na capoeira o ego se tornou algo patológico com configurações de epidemia.

Mas por que? Será que a prática da capoeira passou a produzir um estado egóico nos seus seguidores? Ou seria parte do processo de auto-superação atual da prática capoeirista, a qual produziria como efeito colateral uma espécie auto-estima exacerbada e patológica no individuo?

Ou será ainda uma conseqüência natural do fato que os capoeiristas têm que fazer frente ao injusto mundo dos dominadores?

Veja que nessa última hipótese, a “culpa” seria da questão política enfrentada como parte do processo libertário desenvolvido pelos capoeiristas, pelo menos dos capoeiristas que original e historicamente eram pessoas das camadas mais baixas da população, massacrados por anos e anos de dominação inicialmente dos brancos, mais tarde a burguesia, como costumam se referir os marxistas e os ativistas mais panfletários.

Hoje isso se converteu e foi incorporado pelo discurso da classe média praticante de capoeira, a qual dispõe sempre de acesso à toda sorte de mídia e, com isso, temos tais explicações sempre convincentes, usadas como arrazoados para posturas questionáveis, como o individualismo, o narcisismo e o próprio egoísmo, para acobertar e proteger a tantos de nós mesmos de qualquer forma de cobrança, de crítica ou de responsabilidade por atos tão degradantes que encontramos na capoeira.

Para não ficar parecendo um estudo acadêmico de teorias baseadas em hipóteses dificilmente verificáveis no nosso meio, alguém poderia perguntar onde e como se manifesta esse tal de EGO...?

É impressionantemente presente esse fenômeno. Podem crer. O culto de si mesmo seja qual for a forma que isso se manifesta, é manifestação do ego...

• Muitas questões que existem dentro da capoeira, como incompatibilidades entre pessoas ou grupos, via de regra é produto de algum ego declarado o sutilmente ocultado através dos discursos politizados que descrevi acima.
• A formação negativa ou deformada de muitos capoeiristas que se comportam de modo deselegante ou mal-educado nas rodas, seja cantando (via de regra desafinados ou gritando igual a pavão solteiro!), muitas vezes quando existem outros mais graduados ou mestres na roda; as vezes exigindo privilégios nos eventos, como participar da roda dos graduados ou de mestres. Querendo ser dispensados das taxas e pagamentos pelos cursos ou camisetas. É ego.
• O desrespeito a novatos, deixando-os muitas vezes horas nas filas das rodas sem chance de jogar, insensíveis a isso. É ego.
• Tirar um mestre mais antigo que está na roda jogando, impedindo-o de ter sua liberdade de escolher quando sair da roda. É ego.
• Tentar subjugar ou agredir outro capoeirista, ou um companheiro, do mesmo grupo ou de outro, muitas vezes violentamente, apenas por uma atitude inconsciente ou pela falta de técnica em do novato em um movimento, tenha ou não atingido-o, desde que pareça que o mesmo ameace o graduado. É ego.
• Impedir que uma pessoa seja reconhecida em seu talento para ocultar um possível concorrente ou alguém que possa lhe fazer sombra, agora ou futuramente. É ego.
• Dar uma aula exibindo seus próprios atributos e performances, sem respeitar os limites dos iniciantes ou pessoas em situações de inferioridade por qualquer razão. É ego.
• Ocupar uma roda que tenha muitas pessoas e querer jogar n vezes enquanto muitos não tiveram chance de jogar nenhuma. É ego.
• Se gabar de agressões que cometeu, se auto-elogiar, se gabar de talentos que tenha, ou que ache que tenha. É ego.
• Se colocar sempre em primeiro lugar nas coisas, imaginando-se dotado de privilégios e se achar um ser superior em relação a outras pessoas, independentemente da graduação. É ego.
• Inflamar-se para contar vantagens pessoais e se colocar como um super-dotado em qualquer terreno. É ego.
• Negar a oportunidade a outras pessoas, impondo sua autoridade ou fazendo exigências descabidas. É ego.
• Criticar gratuitamente pessoas tentando fazer com que eles percam o seu prestigio ou o seu brilho perante outras, gratuitamente, ou até por razões justificáveis. É ego.
• Se olhar no espelho e se sentir uma pessoa maior ou melhor que os outros. É ego, além de ser uma estupidez mórbida...
• Tentar aparecer em qualquer momento e em particular nos momentos que existem pessoas ou situações como filmagens fotografias, autoridades, mestres mais antigos, etc.. É ego.

Logicamente que isso poderia ir muito mais longe...! Mas só estou tentando ilustrar as situações em que os egos se manifestam na capoeira.

E o que vemos sobre isso é muito mais na direção do discurso do tipo: temos que nos impor... Capoeira é valente... Ninguém pode segurar um capoeira... Eu sou mais eu... Entre inúmeras outras bobagens, pelo menos para os dias de hoje.

Talvez tudo isso fosse válido como argumento e motivação dos capoeiristas do passado que tinham, eles sim, razões para chutar o balde das regras sociais... Nós, hoje, nas condições que temos a maioria dos grupos, composto na maioria por participantes de classe média...? A esses não caberia esse discurso.

Mas, tem uma coisa mais triste ainda em relação ao dito cujo.

O ego é uma forma de sofrimento. É o sofrimento da insegurança. É a não resolução de conflitos interiores. É o problema que não entendemos como problema. É viver do passado, do que já fomos ou fizemos. É desconhecer a realidade das coisas. É se sentir com necessidade de afirmação o tempo todo, sendo, portanto um estado de espírito onde temos sempre que provar alguma coisa a alguém... É sem dúvida uma dimensão sem brilho da alma humana.

Tudo bem, nada ou ninguém pode mesmo deter esse processo. A não ser que os próprios capoeiristas percebam no que isso está convertendo a prática da capoeira. Se vermos os aspectos negativos dessas posturas, talvez a gente comece a enfrentar ou pelo menos a deixar clara nossa indignação frente a isso.

Os ditos valentes, por exemplo, na maioria das vezes são superegos ensimesmados e exacerbados querendo provar sua superioridade frente a pessoas menos graduadas, fora de forma, inocentes, pacíficas, fisicamente menores, etc... O ego nesse caso é uma receita muito usada para esvaziar a entrada de novatos nos grupos. Depois ainda não sabemos por que a capoeira diminuiu tanto o efetivo de seus participantes.

Em outras palavras, estou afirmando que a capoeira, utilizada pela classe média em particular está produzindo muitos efeitos colaterais negativos em sua prática. Esse efeito em grande parte se caracteriza pela exacerbação do ego no individuo.

É claro que muitos da camada mais baixa também sucumbem a esse mal. Ninguém escapa do vírus do egus patologicus urbanus, para dar um nome pomposo a esse fenômeno. Não dá para esquecer que a explosão da comunicação promovida pela globalização faz chegar a todos os rincões sociais as influências produzidas nos grandes centros. Como diz Caetano Veloso: Bomba de Hidrogênio, luxo para todos! Representando a propagação das piores coisas entre todas as camadas da população.

Assim temos no caso da capoeira, o direito inalienável de qualquer um se tornar um insensível bombado, ou um horrível valente de galera que todo mundo sabe exatamente o que é... Isso é o subproduto do desenvolvimento de uma egoficação em massa, que é o que permite e estimula a propagação da epidemia do ego na capoeira.

A capoeira provavelmente até a metade do século XX se assentava nas camadas mais baixas economicamente da população.

As periferias, subúrbios, áreas de favelas urbanas, entre outros espaços da população menos favorecida da sociedade é que representavam os capoeiristas. Isso logicamente mudou, a classe média foi assumindo a capoeira, inicialmente de modo discreto, mas desde o final da década de cinqüenta houve uma incorporação de uma massa muito grande dessa classe nos movimentos da capoeira.

Facilmente podemos refletir que capoeiristas da classe economicamente mais baixa da sociedade raramente teriam como chegar até o exterior como professores de capoeira. Esse caminho teve que ser aberto por representantes da classe média, obviamente.

Portanto, o discurso que era originalmente legitimo dentro da capoeira, da opressão e da luta de classes, foi sendo apropriado em cadeia, no processo de aculturação da capoeira pela classe média que o reempacotou e devolveu, criando o que o meu amigo Jota Bamberg, o Mestre Angoleiro chama de prateleira da capoeira, difundida através da mídia às massas dos capoeiristas de todos os níveis sociais.

A entrada da classe não-escrava na prática da capoeira é muito bem explorada no trabalho de Letícia Vidor de Sousa Reis, estudo publicado no livro O mundo de pernas para o ar, Ed. Publisher Brasil, ano de 2000, onde a autora demonstra inclusive que a própria legislação que nos parece sempre ser uma forma do governo de combater a capoeira pura e simples, na verdade guardava uma certa dose de controle das ações da polícia, que tinha autoridade para prender e punir os capoeiristas, e depois foi sendo (a polícia) obrigada a produzir um processo de julgamento antes da punição, esvaziando assim uma autoridade que a referida policia tinha, a revelia de qualquer processo penal...

Isso demonstra que a até mesmo os mecanismos sociais de combate ou de controle da capoeira e seus efeitos sociais negativos – conflitos de maltas, roubos e espancamentos de pessoas, ameaças a autoridades, etc., tinham no fundo uma outra faceta, que era justamente a de abrigar e proteger os eventuais representantes não-escravos capoeiristas que fossem presos praticando a proibida arte da capoeira.

Mais tarde, muitos capoeiristas dos guetos de cidades como o Rio de Janeiro ou Salvador (não necessariamente nessa ordem) polemizaram posições politicamente, muitos se incorporando ao próprio banido Partido Comunista (ver o caso do Mestre Onça Tigre, que ensinou Teoria Marxista no PC), esse debate foi estimulado por diversos outros capoeiristas de expressão por volta do final da primeira metade do século XX, conforme muitos capoeiristas como Mestre Decânio, o próprio finado Mestre Onça-Tigre, Mestre Traíra e o próprio Mestre Bimba, que teve muitos alunos da classe média, universitários e outros da alta sociedade.

Mestre Onça-Tigre dizia sempre com uma dose de lirismo por sua veia comunista incorrigível que a capoeira teria sido o primeiro partido político no Brasil...

Sem nossas justificativas politizadas, talvez teríamos que ter uma certa dose de expiação através de nossa consciência ou de valores morais mais profundos, mais humanos, mais crítico-reflexivos, mais corajosos e mais coerentes com nossos limites, até mesmo para estabelecer novos desafios no andar da carruagem do aprendizado da capoeira, para a própria capoeira, como novo marco de seu crescimento teórico, moral ou filosófico, ou simplesmente para que a Capoeira possa se soerguer rumo aos níveis mais elevados do conhecimento humano, alçando talvez o status de um conhecimento profundo e respeitável em todas as camadas das comunidades e até das elites pensantes do planeta.

Mas a capoeira não desenvolveu dentre seus praticantes como lema natural essa ponderação, esse cuidado com os limites do ego. Isso parece antes ser parte das reflexões desnecessárias de pensadores orgânicos da capoeira... Felizmente muitos estão se alinhando a essa proposta, visando ampliar as produções filosóficas na capoeira... Proposta em primeiro plano deste blogg aqui...

Quero deixar claro que todas essas reflexões estão fechadas, sempre, através de uma interrogação.

Resolvidos em nosso problema egóico, poderemos crescer em nossa aceitabilidade e no respeito social para conosco, os capoeiristas, seres extremamente competentes em sua emancipação crítico-reflexiva, cujo limite é produto talvez e exclusivamente da falta de novos horizontes para percorrer ou novas perspectivas para a ascensão de nosso espírito de guerreiros para os umbrais de uma maior competência espiritual...

Mas admito por uma conveniência estratégica e pela produção prévia de um álibi para as minhas reflexões inconclusas que o tema é muito delicado.

É como cortar na própria carne com o requinte de um estripador, a gente ter que remoer coisas como os efeitos negativos da capoeira, ainda que estejam sendo tratados com o firme propósito de elevar os níveis de nossas percepções e nossa relação com a arte da capoeira e o mundo em que nos cerca, tanto o que nos coloca dentro dela, como o mundo em nossa volta, ou como também a volta do mundo, como dissemos quando nos referimos ao andar da capoeira em seu mundo simbólico e físico, no crescimento de sua técnica, de seus conhecimentos, de seus praticantes e defensores, e na sua ocupação de espaços, que já nos surpreende e muito... Mas queremos mais... como disse Toni Vargas em seu trabalho junto com Nestor Capoeira: queremos que a capoeira vá para fora do planeta...!

Também vale recorrer ao Mestre Pastinha, quando ele dizia que o “seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres”, acredito que se referindo ao conjunto das possibilidades que a capoeira abriga, dentro e fora da roda...

Pela complexidade do tema, que já havia iniciado com o meu texto A faca de dois gumes do ego na capoeira, passei muito tempo buscando uma maneira de lidar com isso e não ofender ninguém. Mas infelizmente parece impossível!

Muito difícil é controlar essa onda eterna de egos comandando as coisas!

Mas vamos seguindo...

__________________+++++_______________

(continua...)

sábado, 5 de junho de 2010

Capoeira & Educação: Em busca de um diálogo interdisciplinar















“A capoeira é amorosa, não é perversa.
Capoeira é mandinga de escravo africano no Brasil.
Um costume como qualquer outro.
Um hábito cortês que criamos dentro de nós.
Uma coisa vagabunda.”

Mestre Pastinha



Este texto foi desenvolvido através da adaptação de insumos extraídos do livro Escola, o Terceiro Grau da Capoeira, ainda não publicado, de minha autoria, cuja intenção é subsidiar o debate entre os universos da escola formal e da instituição da capoeira, representada nos grupos e nas linhagens tradicionais da capoeira, sendo linhagem um termo que visa atribuir uma orientação das escolas de capoeira, ou seja, as filosofias adotadas enquanto organização, preceitos de trabalho, filosofia de aprendizado, tradições, rituais seguidos na realização de rodas e eventos, entre muitos outros aspectos que se convertem uma escola própria de cada uma dessas linhagens e suas variantes.

Muitos insumos também são obtidos da vivência dentro do universo de debate em torno de tão estimulante tema: capoeira na escola, capoeira e a escola, capoeira versus escola, educação e capoeira, capoeira como parte de uma educação integral, enfim... Infinitas abordagens que o tema permite.

Assim, embora tantas outras possibilidades existam para a abordagem desse debate, irei privilegiar alguns approaches que foquem potenciais inerentes à capoeira enquanto instituição que lida com práticas culturais, educacionais, sociais, morais, éticas, desportivas, corporais, etc. Logicamente com um universo tão rico de possibilidades, tivemos que privilegiar alguns desses aspectos para focar nesta nossa interação inicial.
Os desdobramentos são tão amplos quanto o tempo e a importância que se dê ao tema... Sendo presumível que não existe limite para tal debate.

Sabedores que temos um tempo limitado para essa discussão inicial, trouxe dentre os insumos deste texto alguns elementos que permitam ilustrativos subsídios quanto ao potencial de suporte mútuo entre a capoeira e a educação, num sentido tanto quanto no outro.
Também entendemos como oportuno anexar um discurso proferido na Câmara dos Deputados, justamente debatendo a questão da capoeira e a educação como temas recorrentes e da maior importância para o povo brasileiro.

Fundamentos Didáticos na Capoeira

A capoeira, enquanto disciplina didática e pedagogicamente alinhada possui em seus conteúdos, já estando inserida no debate acadêmico de nível de pós-graduação e o acervo disponível decorrente de sua produção até o momento, possui no seu bojo recursos excelentes, bastante ricos em abrangência e forma sendo, portanto, pertinentes ao objetivo a que se destina, qual seja, sua flexão e reflexão sobre as dimensões crítica, construtiva e integral como matéria do ensino de educação física, esporte educacional ou ainda como foco de interesse temático para estudo em outras disciplinas, como a História, Artes (dança, teatro, fotografia, etc.), Sociologia, Antropologia, Política, Fisiologia do Esporte, Psicologia.

Tangencialmente já temos sabido de estudos envolvendo a capoeira em outras disciplinas, como a Matemática, o Português e a Música.

Se considerarmos, ainda, o potencial da Capoeira como produto e como gerador de elementos didáticos e pedagógicos para uma escola em qualquer nível, perceber-se-á que os ajustes naturais e uma adaptação espontânea serão parte da sua dinâmica expansiva e por isso poderemos ir adicionando diversos outros aspectos que deverão fluir desses conteúdos dentro da sua evolução e maturidade.

Particularmente os impactos mútuos que se darão entre a capoeira e a educação física, vez que a prática capoeirística possui suas esferas simbólicas, contendo rituais e valores, explodindo através de uma alquimia urbana, propagada através de uma publicidade subliminar oralizada que responde às angústias, desejos e ansiedades de uma geração inteira de consumidores, crianças, adolescentes e jovens, senão mesmo os adultos e clientelas especiais (excepcionais, deficientes físicos, terceira idade, e outros) – caso seja abordada sob as opções adequadas a cada público.

Por outro lado, a educação física, enquanto disciplina de tantos recursos didáticos e pedagógicos peculiares, particularmente por suas metodologias cientificas sempre planificadas, suas abordagens criteriosas e adequadas do ponto de vista etário e psicológico – estratégias de superação de deficiências específicas, através de exercícios localizados ou estímulos fisioterapêuticos, dinâmicas de grupo, além da fusão que desenvolve, através de práticas interdisciplinares, o que a enriquece sempre muito e a torna uma disciplina dotada de tão espontânea adesão dos alunos.

Existe uma natural reciprocidade entre as duas disciplinas e isso se torna algo profícuo e complementar, acrescentando a ambos os insumos positivos e uma série de expansões de seus recursos inatos.

A escola tanto quanto a capoeira fazem parte dos espaços complementares da vida social - particularmente pela sua contribuição à esfera da formação e ampliação da consciência crítica das comunidades-clientelas, sendo sempre parte no debate/competição social representado pelos grupos, o que também pode ser visto como capaz de atuar na dialética do movimento histórico e político de ambas as disciplinas.
Inevitavelmente estará aí recorrente uma luta de cunho material e econômico, ético e moral, bem como da sempre presente dicotomia social pela convergência dos pares em contraposição à divergência e competição naturalizada para com os outros, num debate que poderá se prolongar por períodos imponderáveis de tempo.

Essa xenofobia é recíproca e faz parte de um cenário comum entre as disciplinas vivas nas próprias universidades, em grande parte questões de natureza política e implicitamente aspectos materiais e do poder econômico por trás do debate: farinha pouca o meu pirão primeiro, como reza a sabedoria popular.

Nesse sentido vemos que a Escola terá que entrar e debater esses conflitos, mesmo se considerarmos que ela, hoje, na sua atuação de educação geral ainda não resolveu - quiçá o possa algum dia fazê-lo, seus próprios e internos problemas, sendo visível que está ainda longe de superar muitos de tais desafios frente a percalços de natureza sócio-econômico-político-cultural, inerentes a sua situação geral, que lida com as suas diversas crises e dimensões sociais.

Já estão presentes na escola outros tantos conflitos sociais e o que temos visto é recrudescer cada vez em maior número, exemplos de fatos em que explodem essas questões, diversas vezes de forma drástica e dramática: sob o impulso primevo da violência mais absurda, que tem registrado mortes e outras formas mórbidas de agressões fatais. Vale citar e destacar o já conhecido e reconhecido fenômeno do bulling é outra dessas patologias sociais em franco desenrolar nos espaços das escolas.

Do lado da capoeira não é diferente.

Diversos processos competitivos sempre fizeram parte do dia-dia da capoeira, entre eles questões de competição de natureza sócio-econômicas e de poder, como é o caso das federações, ligas e confederações, que disputam o direito de representar a capoeira desportiva, junto às instâncias oficiais, como o Comitê Olímpico Brasileiro – COB, Ministério do Esporte, Ministério da Cultura, etc.

Os grupos de capoeira, estrutura de organização celular mais comum da capoeira institucionalmente representada, trás outras tantas questões e conflitos que se arrastam a décadas no Brasil, através do fenômeno que se caracteriza como uma síndrome das maltas que se manifesta através de diversas facetas, que vão desde a luta por espaços até aos conflitos violentos, dentro e fora das rodas de capoeira, lugar-comum da manifestação desses problemas.

Pode-se antever a capoeira na escola e sua inserção sociocultural no seio das turmas e classes, tornando-se assim parte do acervo psíco-sócio-cultural, passando a compor e a interferir na educação e no seu debate, parte de todo o cenário acima descrito.

Alguns aspectos podem ser discutidos das relações da capoeira com a educação e de seus possíveis papéis e funções, onde sua práxis pode tranquilamente ser visualizada interagindo como parte bastante efetiva de instrumento didático-pedagógico na Escola.

Alguns deles podemos analisar como se segue:

Como conteúdo na Educação física – a capoeira dispõe de recursos de aperfeiçoamento e de superação de dificuldades motoras, inatos em sua prática que, latu-sensu, pois isso se torna uma conseqüência implícita em sua prática continuada, atribuindo aos praticantes uma melhoria no domínio corporal, seja do ponto de vista do alongamento, flexibilidade, explosão, equilíbrio, agilidade, força, ritmo, resistência, além de um indiscutível ganho nas funções aeróbicas, anaeróbicas, muscular, cardio-vascular e, assim, na saúde de modo geral (Xaréu, 1990).

Componente do processo de Integração social – pelo fato de ser uma prática eminentemente coletiva, a capoeira torna-se num importante aliado no sentido da promoção da integração das pessoas e de sua solidariedade mútua e crescente. Uma energia social de grandes proporções é gerada na prática da capoeira e essa energia não deve ter sua importância, sentido e direcionamento desprezado. Essa energia, se bem canalizada e dirigida, torna-se um elemento catártico e altamente positivo no grupo. Um risco que daí decorre, é a reprodução dos grupos de poder (popularmente denominado de panelas) no seio das escolas, tornando-se, se levado ao extremo, num empecilho ou até mesmo numa deformação, haja vista a facilidade com que eclode a competitividade pela afirmação dos membros-adeptos dentro do grupo social e o conseqüente lado negativo daí decorrente.

Elementos lúdicos - uma importante corrente interpretativa da História da capoeira, a insere herdeira do bojo cultural do elemento afro, em sua perspectiva mais absolutamente original, extensiva em praticamente todos os modelos de vida social dos negros, considerados em toda a extensão de sua diáspora é a ludicidade, a brincadeira, folguedos ritualizados sob diversas formas e categorias, presentes no trabalho – as colheitas cantadas e dramatizadas dos negros americanos; as pescas cantadas e ritualizadas pelo Mestre-pescador – transformado inclusive no folclore da puxada-de-rede; enfim, teria sido um passatempo despreocupado e legítimo os primeiros passos da capoeira?
Muitas outras formas desse passatempo são encontradas em diversos folguedos e folclores de uma enorme diversidade de regiões no Brasil e mundo afora, e na capoeira isso também está presente – mesmo que tenhamos que considerar uma gama razoável de influências brancas hoje encontradas na capoeira que impactam esse seu potencial, o que, no entanto, não elimina suas características e potenciais lúdicos originais, particularmente se considerada a Escola como seu ponto de manifestação e prática.

Jogos e competições educativas – no percurso da prática e da História da capoeira, os seus elementos desportivizados seriam sem dúvida os mais privilegiados e utilizados como campeadores institucionais. Isso se dá principalmente pela vontade que muitos capoeiristas e mestres têm de ver a capoeira transformada em modalidade desportiva, seja pelo prestígio que o esporte goza dentro do interesse da sociedade desde os primórdios dos jogos gregos moderna, seja por ser esse aspecto algo capaz de reforçar a aceitação social da capoeira, seja, enfim, pela trilha organizadora que tal enfoque permite, a adequação da capoeira como modalidade desportivo-competitiva é indiscutível e isso se traduzirá sempre como um manancial didático-pedagógico explorável sob condições as mais diversas possíveis e imagináveis, dependendo exclusivamente da manutenção de um espírito educativo que tais competições devam manter .

Potencial interdisciplinar – a capoeira vem sendo estudada sob uma infinidade de disciplinas, entre as quais, só para citarmos algumas, encontramos: História, Sociologia, Antropologia, Arte, Música, Ecologia, entre outras e, embora não caiba aqui recortarmos as produções que essas áreas têm viabilizado na compreensão da capoeira, podemos perceber diversos usos-potenciais que as abordagens interdisciplinares revelam na capoeira, seja viabilizando a manutenção de uma grade de horários rica em atividades, seja permitindo uma incursão dos alunos por outras disciplinas e experiências.

Numa visão mais prática poderíamos sugerir experiências com pinturas, colagens e esculturas; pesquisas envolvendo a História, personagens e fatos que tiveram importância na vida social do País, que foram praticantes, admiradores ou estudiosas da capoeira (temos diversos registros de personalidades nacional e estrangeiras nessa condição); experiências com músicas experimentais – além da música típica utilizada na capoeira, experimentando outros tipos de instrumentos e efeitos sonoros obtidos pelos alunos; pesquisas, enfim, utilizando aspectos sociais, étnicos e antropológicos da capoeira e dos capoeiristas, que mantenham o interesse dos alunos dentro da disciplina e que fomente, da mesma forma, a sua aproximação com outras disciplinas dentro da Escola e da vida dos alunos.


(continua na próxima semana...)