sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

 A semântica da Capoeira





 

A semântica da Capoeira

Mestre Squisito

Esse texto traz os subsídios utilizados para desenvolver a apresentação com o mesmo nome deste texto, apresentado durante o evento “Mistura Capoeirana” do nosso irmão Lívio, com o seu Projeto Urucungo.

Este texto traz recortes dos diversos aspectos do assunto, obtido com inclusive com insights da minha pessoa e buscas de recortes e questões pesquisadas no Chat GPT, uma inteligência artificial que está disponível na página www.openai.com, que permite uma grande soma de buscas textuais (existem outras versões com o uso de imagens e outros tipos de buscas, como vídeos e sons, mas se trata de uma versão paga...).

Esses textos, juntamente com as imagens que foram usadas na apresentação, obtidas na internet, alám de algumas de minha coleção pessoal, que, juntando todos esses meios, podemos ter uma ideia do que representa a “Semântica da Capoeira”, pois se trata de uma temática bastante complexa e muito abstrata.

A apresentação pessoalmente, que ocorrerá durante o evento, trará outros insights e recursos do apresentador...

Assim, para entender totalmente os assuntos que estão envolvidos no problema e nesta apresentação, será importante reunir todos esses elementos...

Abraço fraterno.

Squisito

 

 

 

 

 

 

 

 

Conceito de Semântica

A semântica é o estudo do significado das palavras, frases, expressões e símbolos em uma linguagem.

Ela busca compreender como as palavras e frases são usadas para transmitir ideias, pensamentos e informações, e como essas expressões são interpretadas pelos falantes de uma língua.

A semântica também lida com a relação entre a linguagem e o mundo real

A semântica é uma área da linguística que se concentra no estudo do significado na linguagem.

 Quem criou o conceito de "semântica" e quando foi?

 O conceito de "semântica" foi desenvolvido ao longo de muitos anos por vários estudiosos, mas uma das figuras mais influentes na criação do campo moderno da semântica foi o filósofo alemão Gottlob Frege, que viveu de 1848 a 1925. Em sua obra "Begriffsschrift" ("Notação Conceitual"), publicada em 1879, Frege propôs um sistema formal para a lógica e o raciocínio, e usou esse sistema para explorar questões de significado e referência na linguagem.

No entanto, o termo "semântica" em si foi cunhado mais tarde, em 1897, pelo filósofo e linguista francês Michel Bréal, em seu livro "Sémantique: Recherche de la Signification". Bréal usou o termo para se referir ao estudo do significado na linguagem, e desde então, o campo da semântica tem crescido e se diversificado, incorporando contribuições de disciplinas como a linguística, a psicologia e a informática.

 A semântica da escravidão

A "Semântica da Escravidão" é um termo que se refere ao estudo do significado e das representações da escravidão em diferentes contextos culturais e históricos. O estudo da Semântica da Escravidão envolve o exame dos significados e das representações associados à escravidão em diferentes épocas e culturas, bem como a análise dos termos e conceitos usados para descrever a instituição da escravidão e as pessoas escravizadas.

A Semântica da Escravidão pode abranger vários aspectos da escravidão, como o papel da linguagem na construção e manutenção da hierarquia racial, o uso de eufemismos para minimizar a brutalidade da escravidão e a forma como os conceitos de raça, gênero e classe foram usados para justificar a escravidão.

Além disso, a Semântica da Escravidão também pode se concentrar nas representações da escravidão na literatura, arte e mídia, bem como na forma como a escravidão é lembrada e comemorada em diferentes culturas e sociedades. Através do estudo da Semântica da Escravidão, é possível compreender como as ideias e conceitos associados à escravidão mudaram ao longo do tempo e como essas mudanças afetaram a forma como a escravidão foi vista e entendida em diferentes contextos culturais e históricos.

O que seria semântica da resistência cultural?

 A "Semântica da Resistência Cultural" é um termo que se refere ao estudo das práticas e significados da resistência cultural em diferentes contextos culturais e históricos. A resistência cultural pode ser entendida como um conjunto de práticas e expressões culturais que são usadas para desafiar e subverter as normas e valores dominantes em uma sociedade.

A Semântica da Resistência Cultural se concentra em como essas práticas e expressões culturais são usadas para transmitir mensagens políticas e sociais e para construir identidades coletivas entre grupos marginalizados e oprimidos. Isso inclui o estudo dos símbolos, metáforas, imagens e narrativas utilizadas por esses grupos para expressar sua resistência cultural e reivindicar sua autonomia e dignidade.

A Semântica da Resistência Cultural também pode se concentrar na análise dos termos e conceitos utilizados por grupos marginalizados para desafiar e subverter as estruturas de poder dominantes. Por exemplo, a comunidade LGBTQ+ tem usado termos como "queer" e "trans" para rejeitar as normas heteronormativas e binárias de gênero e sexualidade. Da mesma forma, os movimentos antirracistas têm usado termos como "negritude" e "afrocentricidade" para reivindicar a identidade e a cultura negras e desafiar o racismo estrutural.

Em resumo, a Semântica da Resistência Cultural é uma área de estudo que se concentra nas práticas culturais utilizadas por grupos marginalizados para desafiar e subverter as estruturas de poder dominantes e construir identidades colectivas e políticas.

Parte superior do formulário

 

O que poderia ser como a semântica do corpo?

 A Semântica do Corpo é um campo de estudo que se concentra na análise do significado e das representações do corpo humano em diferentes contextos culturais e históricos. Essa área de estudo está interessada em como o corpo é entendido e representado em diferentes culturas e como essas representações afetam a forma como as pessoas experimentam seus próprios corpos e os corpos dos outros.

Essa semântica pode se concentrar em vários aspectos do corpo humano, como a sua forma, tamanho, cor, sexo e gênero. Isso inclui o estudo das representações do corpo em diferentes mídias, como a arte, a literatura, o cinema e a televisão, bem como a análise dos termos e conceitos utilizados para descrever o corpo em diferentes idiomas e culturas.

Além disso, a Semântica do Corpo também pode se concentrar na análise das práticas corporais, como a dança, o esporte, a performance e a moda, e como essas práticas são usadas para transmitir mensagens culturais e políticas.

Por exemplo, a Semântica do Corpo pode analisar a representação do corpo feminino em diferentes contextos culturais, incluindo a forma como a beleza e a feminilidade são definidas e valorizadas. Isso inclui a análise de como a mídia e a publicidade representam o corpo feminino, bem como o estudo das práticas corporais, como a moda e a cirurgia plástica, que são usadas para transformar o corpo feminino para se adequar a esses ideais de beleza.

Em resumo, a Semântica do Corpo é uma área de estudo que se concentra na análise das representações e práticas do corpo humano em diferentes contextos culturais e históricos.

Parte superior do formulário

Semântica X Linguística

A semântica é uma das áreas fundamentais da linguística, que é a ciência que estuda a linguagem humana em todas as suas dimensões. A semântica é uma das subáreas da linguística que se concentra no estudo do significado das palavras, frases e expressões em uma linguagem.

A semântica é uma das ferramentas que a linguística utiliza para analisar a linguagem e compreender como ela funciona. Através da análise semântica, os linguistas podem identificar como as palavras são utilizadas para transmitir ideias, conceitos e informações, e como essas expressões são interpretadas pelos falantes de uma língua.

Além disso, a semântica está intimamente relacionada a outras subáreas da linguística, como a sintaxe, que estuda a estrutura gramatical das frases, e a pragmática, que estuda o uso da linguagem em contextos sociais e culturais.

Em resumo, a semântica é uma das áreas fundamentais da linguística, que se concentra no estudo do significado das palavras e expressões em uma língua, e que contribui para a compreensão de como a linguagem funciona em geral.

 Semântica X História

A semântica na história de uma cultura pode ser definida como o estudo dos significados atribuídos a palavras, expressões e símbolos ao longo do tempo e das mudanças culturais. Ela está preocupada em compreender como os significados das palavras mudam ao longo do tempo, como novos significados são criados e como antigos significados são modificados ou esquecidos.

A semântica na história de uma cultura também pode estar relacionada ao estudo dos valores, crenças e concepções que são transmitidos através das palavras e expressões de uma língua. Por exemplo, a semântica na história da cultura pode analisar como determinadas palavras ou expressões ganharam significados positivos ou negativos em uma determinada época, e como esses significados estão relacionados a valores e crenças culturais.

Além disso, a semântica na história de uma cultura pode estar relacionada ao estudo da evolução da linguagem em uma sociedade, como as mudanças linguísticas ocorrem e como a língua se adapta às necessidades e demandas da cultura.

Em resumo, a semântica na história de uma cultura está preocupada com o estudo dos significados das palavras e expressões ao longo do tempo e das mudanças culturais, bem como com a análise dos valores e crenças que estão associados a esses significados

 Conclusões 

A principio um conceito é somente um conceito. Ou seja, o significado que se dá às palavras. Essa palavra, Semântica, no entanto é muito importante pelo uso que se dá às palavras, como se explicam as coisas.

Isso é normalmente de onde surgem os argumentos, as justificativas para os fatos algumas vezes verdadeiras coisas horríveis que acontecem e que são "explicadas" de maneira a justificar coisas absurdas, como a própria escravidão era explicada através de uma semântica social onde tudo era considerado normal!! 

Por outro lado, para nossa Capoeira, seu conhecimento pleno, passa pela compreensão de seus conceitos, sua ciência, sua sabedoria, ainda que popular! 

Por isso sempre é bom conhecermos o que está por traz das coisas que acontecem e não devemos jamais aceitar explicações que fogem da realidade, apenas com o uso de argumentos semânticos. 

Temos que ter sempre nossas próprias convicções e não aceitar conversas vagas! 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Prefácio do Livro: Poemas do M. Adelmo e M. Sapeba

 

 


Uma reverência à Emoção da Capoeira

 Esse é o livro de dois grandes poetas contemporâneos de nossa Capoeira. Obstinados pela Arte, pela ginga e pela rima. Esse é o perfil que estamos aqui falando e que o momento coloca nas mãos dos leitores e leitoras, como qualquer capoeirista ou poeta, interessado ou curioso, seja apenas uma pessoa que busca conhecer os meandros de nossa cultura popular, que queira mergulhar no mar profundo do simbolismo, do sentimento e da alma dos capoeiras... É disso que trata o livro: poemas que versam sobre nossa Arte, nossa ginga, nosso povo, nossa força e nossa energia sagrada.

Mas, ao me deparar com este livro, fiz uma pergunta retórica: de onde nasce a poesia, mais especificamente a poesia da capoeira...?

Ela vem de uma ginga da alma, diante da beleza, da perplexidade, dos desafios que nos movem. Que sempre vivemos. Vem da sensibilidade e do sentimento. A mesma emoção que explode em nosso peito, toda vez que ouvimos um berimbau viola chorar notas de um tempo impreciso, ecos de um passado sem nome, sem lugar certo, apenas mensagens que ecoam em nosso peito, como notas musicais de uma canção de liberdade, que vem sendo reproduzida há séculos e esses poetas captam essa emoção, essa energia.

Esses versos que você irá ler no livro são trazidos pelos ventos da nossa História mal contada, deturpada por informações deturpadas, notícias comprometidas por uma sociedade de classes, que empurra pessoas para a categoria de sub gente, ou pior, categorizados como Coisas, objetos sem alma, através do que nossos ancestrais foram empurrados para o canto da realidade, inverdades criadas, contadas e recontadas pelos dominadores, pela elite que deteve a fala, os registros, o discurso dominante, a ciência e a imprensa e, mesmo assim, poetas, cantadores, mestres e guerreiros lutaram e escrever uma outra mensagem no tempo, que foi registrada no próprio corpo[1], descrita nos cânticos, nas vozes que reproduzem ecos daqueles guerreiros que tombaram, mas escreveram uma mensagem que chegou até nós, até nossos dias, pois escreveram outras mensagens com sua luta e sua vida.

Nossos poetas, autores deste livro podem agora entoar outros tons a essa música que encontramos ao pé berimbau. Podem recontá-la. Podem rimar com sua ginga de palavras essa verdade, oculta nos corpos negros, nos olhos atentos, nas palavras de mães aos seus filhos, entoando canções de ninar, nas vozes dos mestres da tradição, reproduzindo os sons do coração dos guerreiros de ontem, de hoje e de sempre!

Nietzsche disse que estamos sempre revivendo os eventos, num eterno repetir da História. Ele chama isso de o eterno retorno do mesmo... Mas nós, capoeiras, não ficamos prostrados diante dessa situação, como coadjuvantes. Nós vamos à luta. Podemos olhar e ver beleza, onde parecia haver apenas cinzas, podemos olhar nos olhos da trajetória da capoeira, onde informações corrompidas transformam heróis resistentes em bandidos e ver o que poucos viram ou veem: a beleza das lutas dos nossos ancestrais, que pularam na arena das manipulações e enfrentaram as adversidades, ameaças e tantas outras formas de discriminação, negação e humilhação.

Encontramos beleza em tantas coisas, na ginga, na resistência, nos cânticos dolentes ao som de nosso berimbau, instrumento ancestral, emitindo notas de discórdia com aqueles tempos, aquelas regras, aqueles algozes.

A poesia soa como um olhar analógico em um mundo digitalizado, binário, mecânico... É ela que coloca um sorriso em nosso rosto, mesmo quando o mundo inteiro chora ou se ajoelha diante de uma pandemia e outras tantas tragédias. Entre elas o isolamento, a solidão, o individualismo, pois mesmo quando lutamos em nossos jogos, existe um dom maior que nos impulsiona, que é o amor... amor à Arte. Amor de uns aos outros. Amor à vida, onde nos agarramos com todas as forças, pois sobreviver é a nossa rima... nossa meta, nossa cura!

A força dos versos nos incitam a lutar, a dialogar com os desafios e encontrar um caminho por onde sair de rolê, onde manter nosso humanismo, é isso que nos faz guerreiros do bem, vigilantes da justiça, lutadores uns pelos outros, criando uma irmandade planetária, lutando para que nunca estejamos deitados no berço esplendido da mediocridade.

É isso que a poesia faz. Ela nos traz para o plano superior da nossa energia, nossa capacidade de luta. Ela é um grito que irrompe do escuro da noite, vem da dimensão mais profunda do subconsciente, nos dá força para enfrentar todos os sentidos, os bloqueios, e outras formas de pressão das sentinelas da mesmice. Ela nos ensina a extrair de nossa alma as fragrâncias e fragmentos do que seria dor, se não fosse ardor, se não fosse o desejo libertário que chega até a garganta e brada sons e palavras, mantras de lutas que ecoam nos poetas, como são esses dois que assinam e produzem este livro: Mestre Adelmo e Mestre Sapeba.

Chico Buarque disse numa música: acima do coração, que sofre com razão, a razão que volta do coração. E acima da razão a rima...  

A poesia busca sintonizar-nos com o dom do plano divino, de Deus, que sopra sutilmente, corrigindo os sons dos ventos, afinando o trinar dos pássaros. Com essa sintonia, os poetas buscam encontrar o sagrado nas notas do berimbau, no mantra dos corais das vozes do povo, que são capazes de produzir uma massa de energia que extrapola os limites audíveis e chegam até as entranhas da nossa alma.

Capoeiras de todos os tempos empunharam suas vestes de guerreiros, emitiram canções com sua versão ritmada das coisas, seu ritmo e suas rimas, extraídos dos acordes dos sonhos de Salomão... poemas que são vozes uníssonas de todos os cantadores de todos os tempos, vozes que são produzidas no vibrar das vidas, da história ancestral.

Ninguém jamais poderá tirar um poeta dessa roda, da arena cósmica da capoeira, rimando o começo, o meio e o fim, o diapasão da verdade que herdamos desde o primeiro yeh! que um guerreiro gritou. Ele dizia o que dizemos agora, não mais aceitaremos os grilhões da mediocridade, da covardia, que há tempos assaltam a humanidade, empurrando-nos para o silêncio solitário das gaiolas que são construídas e empilhadas, empurrando as pessoas para dentro delas.

O capoeirista usa sua ginga e o poeta usa o seu verso. As rimas e a ginga dialogam com a caminhada de cada um, capoeira, ser humano que não mais aceita ser vil, servidão, servir de vilão na festa da falsidade ideológica, da discriminação e do preconceito.

Nossos poetas serão sempre a nossa voz.

Terão sempre sua voz e sua vez, para confrontar os grilhões, os capitães do mato, ginga entre os arranha-céus, com garra e até desdém contra os podres poderes, as parábolas, os parâmetros... os parágrafos... as falsas frases que tentam sufocar o coração dos incautos...!!

Só temos a agradecer, por poder degustar essa leitura, essa ginga, essas rimas, essas palavras, que confortam nosso coração ante a injustiça de nosso tempo.

O axé deste livro chegará principalmente àqueles que conseguem sentir a vibração e a força da Capoeira Ancestral pulsando em suas veias!

 

 



[1] Recomendo o livro Dança de Guerra, de Julio Cesar de Tavares, Ed. Nandyala, 2012. O livro é produto de uma pesquisa do autor no Curso de Sociologia da Universidade de Brasília. Pioneiro e imprescindível.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Adeus Mestre Zé Renato!

 


É claro que me lembro a primeira vez que nos encontramos!!

Eu estava realizando o primeiro evento de capoeira em Fortaleza, em dezembro de 1979, e você apareceu no meio da festa.

Eu não sabia de você ou do seu trabalho e presença no cenário da capoeira do Ceará.

Depois pude ver você diversas vezes, talvez menos oportunidades do que nós dois gostaríamos, mas a capoeira não marca encontro.

Eles simplesmente acontecem...

Só sei que você sempre foi um ser humano acima de todas as diferenças...

Para quem não sabe - e foi você que me contou - o seu estado de saúde se tornou instável desde o dia que você tentou passar seu pai por cima do alambrado do estádio do Fortaleza, para que ele fosse socorrido pela equipe médica que estava dentro do campo...

Nessa tentativa desesperada de salvar o seu pai, você foi espancado violentamente pela polícia que estava protegendo o campo, pois você não suportou ver o seu pai ser agredido por aqueles policiais e você comprou a briga com eles, enfrentando todos...

Esse episódio te deixou para sempre com sequelas severas...

Você nunca mais pode jogar capoeira...! Sua arte, sua grande paixão estava para sempre afastada de você...!

E sua vida seguiu como você pode viver!!

Eu trago em mim seu semblante sempre gentil comigo...

Mesmo quando pessoas sem noção tentaram nos dividir, nos tornar adversários ou inimigos, isso nunca funcionou, pois você me tinha na mesma conta que eu a você...

O meu respeito a sua história de vida sempre foi algo maior do que qualquer conversa fiada que alguém possa ter tentado.

Hoje eu sei que você está onde merece, tanto na memória dos capoeiras das gerações atuais e futuras, quanto nos reinos de Deus, onde os guerreiros tem lugar!

Eu choro a sua morte, mas sorrio pela sua história e amizade que sempre me dedicou...

Sei que as marcas das lutas em seu corpo estão curadas, pois você está agora noutro plano...

E nós, todos os capoeiras de alma, oramos e rendemos homenagem a sua história e o lugar do pódio dos desbravadores da nossa Arte, pioneiros ancestrais que construíram a estrada por onde seus discípulos irão caminhar...

Os que tenham realmente compreendido o que é ser um guerreiro!!!

Vai em paz meu irmão!!

Luz na sua ascensão!!

Leva meu carinho e meu respeito eterno!!!

🙏🏽🙏🏽🙏🏽🙏🏽🙏🏽🙏🏽

sábado, 18 de abril de 2020

A História da Capoeira do Ceará - Roda da Memória do DCE

Uma História que precisa ser contada


Eu sempre tenho dito para meus alunos e amigos que não gosto de História. Não me sinto competente para lidar com a História enquanto um tema que eu próprio tenha que enfrentar, produzir ou orientar. A razão disso é que sempre que se narra uma História, se trata de uma parte dela! Obviamente que se escolhe a parte que nos interessa. Ai é que começa a questão e a fragilidade que me invade! 
Quer dizer que sempre que contamos uma História, estamos escolhendo uma perspectiva dela e, naturalmente, desprezando outras tantas faces que não posso ver, não conheço, ou simplesmente não me interessa contar!
Isso torna a História uma disciplina de escolha! 
Essa ideia me incomoda muito.
Por isso, para fazer o registro dessas informações e fatos que estou compartilhando nesse texto e nos videos que irei compartilhar como parte dessa postagem, tive que entender que isso era extremamente importante, bem como me vestir da minha mais absoluta sinceridade e coerência para escolher os aspectos dessa trajetória pela qual a Capoeira é produzida e, infelizmente, onde chegamos, num momento em que a maioria está buscando seu lugar ao sol, mesmo que para isso despreze a História, a verdade ou mesmo adote uma perspectiva em que narra os fatos de acordo com o seu interesse, sempre se colocando no centro das questões, como o mais importante ser humano envolvido!
A isso infelizmente não temos como refutar. 
Tenho adotado uma postura, à qual quero sempre ser fiel e me manter coerente com ela, não só enquanto postura, mas como ética pessoal, de não me dispor ao debate onde a intenção seja criticar ou apontar defeitos de pessoas, seja quem forem elas. 
Acredito que o melhor que podemos fazer é nos tornarmos parte dos que fazem diferença. 
É disso que se trata esse tema aqui emprestado. 

Por isso estou compartilhando com meus amigos, alunos e quem mais tiver interesse, os mais importantes aspectos que elegi e que entendo serem do interesse de todos os capoeiristas e estudiosos que se interessem pela HISTÓRIA DA CAPOEIRA DO CEARÁ!

Para tanto eu produzi uma palestra, que foi apresentada em 2017, durante um movimento realizado pelo IPHAN-CE, cuja proposta era a Roda da Memória, buscando registrar os mais importantes e mais antigos movimentos de Capoeira que aconteceram no Ceará, entre os quais o espaço conhecido como DCE, que mais tarde se tornou a TERREIRO CAPOEIRA, cuja História se confunde com a História da Capoeira do Ceará. 

Esses videos contam os mais importantes fatos e demonstram a História através de documentos, fotos, imagens, etc., registrando e documentando a História da Capoeira do Ceará para a posteridade, não permitindo, assim, que os FATOS sejam distorcidos! 

Isso é feito em respeito aos capoeiristas e pessoas em geral, que participaram dessa História e que merecem o reconhecimento do seu legado!

Esses são os videos que contam essa História: 

Primeira parte: 

História da Capoeira do CE - Parte 1


A História continua: 
História da Capoeira do CE - Parte 2



E a parte a seguir conclui essa apresentação:

História da Capoeira do CE - Parte 3


terça-feira, 16 de outubro de 2018

sábado, 29 de setembro de 2018

Um novo Canal - facilitando as coisas...

O hábito da leitura & as novas formas de comunicação


Claro que estamos vivendo novos tempos!!

Já tentei de toda forma reduzir o tamanho dos textos para publicar no blog... foi em vão!!

Minha mente é indisciplinada para escrever de modo muito suscinto!

Eu até fiz um bom exercício no Tweeter...! Lá você tem que economizar palavras e até letras.

Mas quando se tem liberdade e necessidade de ser menos ambíguo possivel, temos essa questão: falar pouco e dizer tudo é muito dificil... falar muito e correr o risco de cansar o leitor, também acontece... Encontrar o meio termo seria o ideal, desde que as coisas a dizer também coubessem num número pequeno de palavras...

A solução foi migrar - em grande parte pelo menos - para uma outra forma de comunicação, a visual, audível e textual, tudo misturado, produzindo uma mensagem multimidiatica que permitirá, acredito, unir o util ao agradável....

Mas a necessidade de fatiar os assuntos também acontece ali!!

Estou perseguindo uma proposta de reflexão sobre a abrangência da Capoeira, sob  ponto de vista do seu impacto no praticante.

Esse assunto me atrai há longos anos!

Na verdade isso foi a minha primeira motivação para escrever, quando escrevi meu primeiro livro: Capoeira, o Caminho do Berimbau. Nesse livro eu comecei a entrever a complexidade e a abrangênccia do aprendizado de capoeira, vez que parecia, principalmente para o leigo ou para o neófito, que a capoeira era estritamente uma pratica corporal, improvisada, que acumulava memórias de competências de agilidades e que iria produzindo no praticante uma série de habilidades!!

Logicamente a cada dia vejo que essas possibilidades e essas consequencias vão mais além!

Vejo hoje, para efeito de um debate inicial no meu Canal no Youtube: Capoeira Com-Ciência, que essa lista de impactos é cada dia mais ampliada, conforme minha percepção se amplia e conforme outros aprendizados me chegam, o que me fez visualizar a minha pizza de saberes que a  Capoeira vai trazendo para os seus adeptos.



UMA PIZZA DE SABERES



Nessa pizza podemos verificar uma série de fatores com os quais os capoeiristas lidam enquanto  aprendem, enquanto se desenvolvem praticando, aprendendo e estudando capoeira!

Esse tema, como pode-se notar, é gigante!!

É como se tentássemos abarcar a capoeira no seu todo, o que já foi dito por um de seus mais importantes pensadores, Mestre Pastinha, que já dizia: O seu fim é inconcebível ao mais sábio dos Mestres! 

Ou seja, por mais que avancemos na compreensão desse fenomeno que se tornou e a cada dia se torna a nossa Capoeira, Herança de nossos ancestrais afro-brasileiros, escravizados e mantidos em cativeiros alguns até a própria morte, por maltratos, torturas e sofrimentos, temos que entender que a grandeza de uma reação a tamanha tragédia, não poderia ser por um caminho simplista, ou curto!

A Capoeira é um legado que traz em si todas as dimensões de um ser humano livre!!

Essa liberdade alcança muito além do corpo!

Ela tem que passar por outros caminhos mais complexos e mais profundos!

A Capoeira é um instrumento complexo, profundo e abrangente para tanger nossa condição humano da forma mais incrível que eu já vi ou ouvi falar!!

A última percepção que vi da capoeira, me levou a entender que ela lida com o que hoje se chama Inteligências Múltiplas, dada a abrangência de fatores que ela impacta, tanto quanto interfere e, por que não dizer, modifica, estimula e até amplia...!

Segue um outro gráfico, coincidentemente parecido com a minha Pizza de Saberes da Capoeira, só que lidando no terremo mais metafísico da questão, desenvolvido pelo Mestre Adelmo, de São Paulo (na verdade de Brasília, mas transferido para Sampa há um pouco mais de uma década!).

O diagrama da Capoeira, segundo o Mestre Adelmo:

Autor: Mestre Adelmo - SP


Nessa visão do Mestre Adelmo, o que vemos são elementos simbólicos e metafísicos por trás da Capoeira, visão diferente da minha, que sou mais sociólogico, por assim dizer! Mas isso não muda o fato de que esses fatores também estejam entrelaçados com a prática da Capoeira.

Quero, na verdade, me desculpar com as pessoas que me acompanham aqui neste blog, dizer a elas que continuo na busca da compreensão e da difusão de minhas percepções dessa Arte maravilhosa, mas estou presente também no Canal do Youtube, onde posso fazer uma comunicação mais simples e mais direta, usando uma abordagem mais informal e mais natural da linguagem e expressão verbal, adicionando elementos que podem enriquicer mais os meios de transmissão dos saberes de nossa Capoeira.

Venham portanto, acompanhar e degustar nossa Pizza dos Saberes da Capoeira, no Canal Capoeira Com-Ciência no Youtube....

segue o link para facilitar esse acesso:

Capoeira Com-Ciência


Forte abraço!!

Mestre Squisito

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A perigosa Reentrada na Atmosfera da Capoeira

Se afastando da Capoeira, cuidado ao voltar...!!


Tenho observado há tempos um fenômeno que é muito conhecido da maioria dos capoeiristas, mormente os que estejam em franca atividade, produzindo, treinando, dando aulas, vivendo-a, enfim. Esse fenômeno é muito comum e se caracteriza pelo afastamento, em maior ou menor tempo, do movimento que a capoeira produz, de natureza social, desportiva, política e, principalmente, competitiva, onde todos conhecem todos, se unem entre si, os próximos e se competem, os mais distantes.

A capoeira é uma entidade viva. Tem uma energia densa e complexa. Só os iniciados nela a compreendem o suficiente para amá-la ou deixá-la, dependendo do momento histórico em que se aproximem, se tornem capoeiristas, ou façam parte daqueles que dominam um determinado momento da sua História.

A Capoeira é muito forte! Forte em seus elementos de união, como também naquele tipo de resistência que permite aos seus praticantes, participantes, mestres e adeptos em geral, se tornarem verdadeiros guerreiros do bom combate (lutam contra a covardia, a tirania, a ignorância, etc.), como também existem os que combatem por si mesmos, formando grupos altamente unidos em torno de uma ideologia estabelecida pelo seu líder, que também é muito comum em nossa Arte.

A capoeira também tem um respeito muito grande pelos seus ancestrais. Sem dúvida tem!

Esse respeito é tão grande, que por causa disso alguns adeptos querem se tornar velho mestre muito cedo, daí a razão de pessoalmente eu ter cunhado uma patologia social muito comum na sua prática, que denominei: Síndrome da Velhice Precoce. Ou seja, pessoas que, embora razoavelmente novas, já querem se comportar como se fossem um mestre antigo, naturalmente para ter direito ao tratamento como tal e com isso ter regalias, como ter um tratamento diferenciado, receber homenagens, ser respeitado e, principalmente, ser poupado da obrigação de estar em forma, treinar, praticar, ensinar, jogar inclusive, etc.

Por tudo isso é que o verdadeiro Velho-Mestre, tem muito respeito dentro da capoeira.

A combinação dessa vontade de ser importante e a momentânea ou demorada necessidade de se afastar da capoeira, no entanto, produz um perigoso efeito de uma desconfiança e muita restrição aos que incorrem ou simplesmente se afastam por problemas que eles não podem controlar. Os capoeiristas olham com muita indignação aqueles que se afastam. Mormente os que voltam. Pior ainda, os que voltam e reivindicam seu direito às regalias dos velhos mestres.

Nesse momento é que se observa melhor esse fenômeno: a reentrada na atmosfera da Capoeira!

Imagem da reentrada na atmosfera da Terra


Já assisti muitas vezes a manifestação da indignação dos capoeiristas com relação a isso. É natural que quem está na labuta constante e exaustiva da prática de uma Arte-esporte, as vezes lutas inglórias, desgastantes viagens para participar de eventos, trabalhos dando aulas e promovendo eventos, enfrentando sérias restrições de meios, o que é outra faceta da luta dos capoeiristas, superando barreiras e inúmeros tipos diferentes de restrições e, de repente, surge alguém que para eles "abandonou o barco", quase sempre num momento difícil, mesmo porque todos os momentos da História da Capoeira são difíceis para quem está naquela situação, sustentando-a, fazendo-a se tornar hoje, um dos maiores movimentos da cultura popular da História de nosso país, já extensiva ao mundo inteiro, que combina em sua prática a educação, a prática desportiva de grande valor, a socialização, a Arte musical e o aprendizado prático de instrumentos rudimentares, mas que dão àqueles que nada sabiam de música, que não tiveram oportunidade de nenhum aprendizado musical, se tornarem muitas vezes excelentes cantores, ótimos percussionistas - alguns se profissionalizam e são respeitados nisso... enfim, a capoeira é múltipla e no caminho de quem a faça estão inúmeros desafios de superação pessoal e coletiva.


Esquecendo as contribuições e se tornando hostil aos reentrantes



Esse fenômeno, também, por vezes, guarda um lado que o torna delicado e até perigoso, pois quem, na sua vontade de retornar para o epicentro da capoeira, pula algumas gerações entre sua saída da cena e seu retorno, pois a capoeira é viva e de revezamento constante entre os seus praticantes. Sempre tem aquela pessoa que está no seu comando a cada momento, quem está representando sua energia, sua força, sua pulsante atração para quem a vê e, mais ainda, para quem teve que se afastar ou se afastou por vontade própria!

Nesse contexto, encontramos um outro fenômeno social, esse se trata de uma característica fundante da nossa sociedade como um todo, que é a questão da falta de memória ou fácil esquecimento da própria História. Nada sabemos, de fato, de nossa História. Por isso somos um povo sem memória. Isso é tão verdade que muitos políticos, por exemplo, já condenados e até banidos do cenário da política, voltam tempos depois e se aproveitam dessa falta de memória e se reelegem sem nenhuma dificuldade, pois ninguém se lembra mais o que ele fez de errado!

E se isso é verdade com relação aos erros, também é verdade com relação aos acertos. Ninguém se lembra mais do que aconteceu de bom, da contribuição de quem esteve no momento que teve que lutar pela capoeira, de sustentá-la e de fazê-la seguir seu curso na História, reificando-a em cada nova página que a História do contexto em que ela se insere, assim é que a Capoeira sempre acontece!

A Capoeira precisa sempre desses guerreiros para reenviá-la para o futuro. A cada momento, uma nova geração surge e retoma sua sustentação, carregando aquele bastão de sua conduta para as próximas gerações e, esse momento e essa energia, já acontecem por longos séculos. Alguém tem sempre que estar carregando esse importante bastão. Senão a chama se apaga e a capoeira perde sua força!

Quando se afasta, a principio, o capoeirista abdica de todos os seus direitos adquiridos durante seus dias de dedicação à Capoeira!

Logicamente, essa ideia de "abdicar" é uma visão extrema! É como se admitíssemos que somos todos ingratos e isso não é verdade!

Essa possibilidade de acontecer esse esquecimento na verdade existe!

Isso acontece porque as gerações seguintes, depois de algumas outras, aquelas que conheciam o trabalho, o jogo, a competência, a dedicação ou o que for. Simplesmente se tornam vultos dispersos do passado. Somos assim. Esquecemos tudo! Não damos muito valor ao que passou.

O caso de Brasília...! 


Essa cidade foi inaugurada há muito pouco tempo, relativamente, se comparada com centros como Salvador, Rio ou São Paulo e ainda lutamos para conseguir fundar alguma tradição, ou nossas pessoas de referência, que possam ser consideradas representantes da nossa tradição.

Mas se olhar direito, a gente vai ver que já temos algumas características bem definidas, bem reconhecidas. Uma delas é o fato de nossa capoeira ser respeitada por todo canto. Temos razões de sobra para verificar e acreditar que temos uma capoeira forte, saudável, reconhecida como dentre as melhores praticadas no Brasil e no mundo afora.

Ai resta uma questão: de onde vem isso??!! De que raízes vieram essa capoeira forte e respeitada que nosso Distrito Federal respira?! Quem ou o que produziu essa linhagem de capoeira que se tornou tão importante?! Logicamente isso não nasceu hoje, ou exclusivamente com a geração que ora habita e ocupa nossas rodas, nossos eventos, no cenário de Capoeira do Distrito Federal...!

Nascida na década de sessenta, a cidade já alcançou sua maturidade e personalidade em termos de Capoeira! De onde vem isso?! Certamente essa geração das primeiras décadas do ano 2000, já é herdeira de alguma base de conhecimento, de uma força e uma energia técnica e estética que alguém criou. Não temos como negar isso. Mas se não houver a quem agradecer por isso, também não teremos de quem herdar. Não fizemos sozinhos.

Outro dia estava em um evento no interior do Pará e um camarada me perguntou:

- Mas se o Mestre Bimba foi tão importante, por que não vemos os discípulos dele?! Onde está a linhagem deixada por ele?!

Eu perguntei para ele:

- Você usa um golpe chamado Armada?! Usa o toque do São Bento Grande de Regional?! Faz evento de batizado, usa graduação, etc?! Então, meu irmão, você é um dos herdeiros da capoeira deixada pelo Mestre Bimba. Mas você, como a maioria de nós, nem sabe disso. Não percebe que você recebeu de graça todo o trabalho e sacrifício que dezenas, talvez centenas de gerações anteriores a você fizeram na capoeira para deixar para seu uso hoje em dia! Ou você pensa que inventou tudo isso?!

Meio sem graça a pessoa teve que reconhecer que estava falando uma grande bobagem quando perguntou onde estava a herança de Mestre Bimba.

No caso de Brasília, o estilo arrojado, moderno, objetivo, eficiente, ritmado, firme e agressivo tem um ancestral comum: o nome dele é Aldenor Carvalho Benjamin, que ficou conhecido como Mestre Arraia. Que foi um dos pioneiros da capoeira do Distrito Federal e ensinou aos primeiros capoeiristas residentes e nascidos aqui. Ele simplesmente é o grande ancestral comum da maioria dos capoeiristas do Plano Piloto, embora com a dispersão da linhagem em diversos novos nós, as pessoas não mais saibam disso.

Decorrente dessa influência arrojada e inovadora, independente e muito forte, a capoeira de Brasília se tornou um dos movimentos mais influentes na capoeira modernizada em todo o país e mundo afora. Mas, assim como o rapaz do Pará me disse, pouca gente sabe disso!

Brasília criou os primeiros modelos de trabalho com a capoeira fora da Bahia, em sala de aula; em grupos mistos de homens e mulheres treinando juntos; incluindo a calistenia (treino de ginástica localizada, como abdominais e outros exercícios da ginástica estranhos à capoeira originalmente; também aqui se criou o primeiro sistema de graduação fundamentado na ancestralidade afro-brasileira; uniformes, estilos de jogo mais acrobático embora objetivo; essas, entre outras inovações, como ter a primeira mulher a receber uma corda vermelha no Brasil e, portanto, no mundo... enfim, as nossas inovações vão longe!

Mas, como dizia, poucos capoeiristas sabem disso. A razão é a deficiência da nossa memória. Talvez o ensino da ancestralidade devesse ser obrigação dos professores e mestres. Mas não é! Nada é obrigatório e cada um escolhe, prioriza, o que quer ensinar!

Com isso, naturalmente, vão ficando grandes buracos no conhecimento das novas gerações sobre seus ancestrais comuns! Ninguém pode impedir ou mudar isso. Acho.

Como disse acima e como se diz na capoeira: quem não é visto, não é lembrado!

Só mesmo com muita boa vontade iremos preencher essa imensa e injusta lacuna que vai ficando nos legados que chegou até nós.


O outro lado dessa moeda... 


Certamente temos também os casos em que as pessoas que ficaram afastadas voltam e reclamam seus direitos e nem sempre elas tem esses direitos. Não tem como saber. Quem desconhece a História, não vai saber quem é merecedor de reconhecimento e quem não é!

Por isso esse assunto ainda vai circular muito entre nós. Principalmente agora que a Capoeira tem valor, um valor muito maior do que já teve. Um valor que não dependeu de nenhuma ajuda a não ser dela mesma, de seus valorosos guerreiros que lutam todos os dias de suas vida, para que ela ocupe o pódio em que está! A capoeira venceu todos os seus desafios para chegar até aqui, na sua plenitude e cidadania madura. No estágio mais elevado da consciência de seus mestres e professores. A Capoeira venceu porque alguém a sustentou nos seus braços e ombros enquanto caminhava pelos difíceis momentos de ameaças, de perseguição, de discriminação, de desvalorização...!

Mas quem são essas pessoas? Isso não importa. Importante é a Capoeira, uma entidade viva que suplanta todos os seus elos e segue vitoriosa para onde talvez nenhum de nós irá ver!

Só podemos nos preparar, os que hoje seguram essa onda de carregarem a capoeira nos seus braços, pernas, ombros e, principalmente, no coração, sabendo que, no futuro, terão que provar que são dignos de serem reconhecimentos como legítimos velhos mestres. 

Para isso é melhor ter seus próprios discípulos e amigos capoeiristas, pois o coletivo, esse não está preparado, culturalmente, para saber o que houve há algumas décadas, já que a nossa memória não está treinada para guardar informações além de nossa própria aventura pessoal. Nossas vitórias, nossas derrotas. Ninguém estará interessado em contar.

Assim seguimos nosso caminhar rumo ao destino que Deus e Oxalá nos permita cumprir!